Crítica: “Jay Kelly” – Reflexão ácida sobre fama e identidade

Jay Kelly, novo trabalho de Noah Baumbach na Netflix, transforma a crise existencial de George Clooney em metáfora sobre os abismos da fama. Contudo, a obra oscila entre genialidade e narcisismo disfarçado.
Primeiramente, Clooney interpreta Kelly, astro em decadência que enfrenta fantasmas do passado durante uma turnê europeia. Paralelamente, Adam Sandler rouba cenas como Ron, empresário cínico que desnuda a indústria do entretenimento. Entretanto, Baumbach falha ao não aprofundar dilemas éticos, preferindo autocomplacência.
Conforme revelado à Rolling Stone Brasil, a trama não se baseia em fatos reais, embora Baumbach admita inspirações autobiográficas. Todavia, essa ambiguidade enfraquece o impacto social prometido. Ademais, sequências como o monólogo no trem noturno (filmado em plano-sequência) brilham pela direção, mas sucumbem ao roteiro previsível.
Curiosamente, o filme dialoga com fenômenos recentes: a espetacularização de crises mentais de celebridades.Não obstante, Jay Kelly ignora soluções, limitando-se a expor feridas.
Finalmente, a indicação ao Globo de Ouro de Clooney (Melhor Ator) e Sandler (Coadjuvante) justifica-se pelas atuações. Mesmo assim, a narrativa falha como crítica sistêmica. Conforme analisado pelo CinePOP, Baumbach repete fórmulas de História de um Casamento sem inovar. O filne também aparece em algumas listas pré-oscar. De certo modo, não é o melhor filme do mundo, mas vale assistir como forma de entretenimento.
Disponível na Netflix, o longa é essencial para fãs de cinema autoral, mas decepciona ao romanticizar o próprio objeto que critica.

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