“Tempos de Guerra” em análise: tédio, tensão e autenticidade

No meio do tiroteio e do caos, aquele feeling de estar na cena é quase sufocante
Crédito: Reprodução/A24

“Tempos de Guerra” é um filme que desafia o que a maioria espera de uma história de guerra. Direto de Alex Garland, conhecido por trabalhos como “Ex_Machina” e “Guerra Civil”, ele coloca na nossa frente uma visão bem diferente do conflito. Não tem glamour, não tem herói, e muita coisa pode parecer até chata ou cansativa. Mas na prática, o filme funciona — e muito.

Baseado nas memórias reais do veterano Ray Mendoza, que também participou da produção como consultor de efeitos especiais, o filme é uma versão crua e verdadeira do que é estar no meio do caos. A presença dele na equipe reforça esse tom de autenticidade, trazendo à tona um retrato que foge da dramatização hollywoodiana. É algo mais próximo da realidade, com todo o peso que ela traz. É um filme anti-guerra – e se você não sabe o que isso significa, ao assistir o filme vai descobrir. (Não quero dar Spoiler)

O elenco é jovem, e isso faz toda a diferença. Nomes como D’Pharaoh Woon-a-Tai (“Reservation Dogs”), Cosmo Jarvis (“Xógum”), Joseph Quinn (“Stranger Things”), Will Poulter (“O Urso”), Charles Melton (“Segredos de um Escândalo”) e Kit Connor (“Heartstopper”) entregam atuações muito convincentes. Eles parecem tão jovens para estar numa missão dessas que, na hora, dá uma sensação de que tudo aquilo é mais cruel ainda — jovens sendo jogados na boca do lobo, sem tanta preparação, sem tanta esperança.

Os primeiros 30 minutos do filme, por exemplo, parecem até um pouco entediantes. Mostram a rotina chata dos soldados — patrulhas, atualizações, nada de ação de verdade. A ideia é fazer o espectador sentir a monotonia, o tédio, aquela sensação de que nada melhor vai acontecer. E, olha, isso ocupa boa parte do filme. Pode parecer cansativo, mas é importante pra entender o que esses homens estão passando ali — uma espera interminável, uma rotina de ansiedade e frustração.

Quando a ação começa, ela pega a gente de jeito. No meio do tiroteio e do caos, aquele feeling de estar na cena é quase sufocante. Gritos de dor, tiros, confusão… tudo faz o público sentir que está vivendo aquilo ali, de verdade. Garland aposta numa estética quase experimental, que evita glamour e mostra a guerra de forma brutal, deixando claro que essa é uma experiência de sofrimento, não de glória. E a atuação do elenco ajuda a dar ainda mais peso a tudo isso, com personagens que, muitas vezes, parecem à beira do colapso.

Claro, o filme nem sempre é uma alegria de assistir. Tem partes que podem ser cansativas, até um pouco irritantes — gritos insuportáveis, momentos de puro tédio, cenas que parecem não sair do lugar. Mas é justamente aí que está a sua força: na verdade, na sensação de realidade pura e dura. Você sente que está ali com eles, passando pelo medo, pela angústia e pela exaustão.

No final, “Tempos de Guerra” é um filme que não procura ser bonito, nem fazer você se sentir bem. Ele é uma crônica da realidade, uma reflexão quase bruta sobre o que é esse tipo de conflito. E, mesmo com toda a sua irregularidade, sua parte mais cansativa ou desconfortável, funciona. Porque mostra com sinceridade o preço que esses jovens pagam, sem tentar embelezar nada.

E o melhor de tudo: está na Prime Video, acessível pra quem quiser entender de verdade o que é entrar na guerra — e, principalmente, o que ela faz com quem sobrevive. Se você gosta de filmes que te transportam para dentro de cenas reais e não têm medo de mostrar o lado mais cru da história, vale muito a pena conferir.

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