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Crítica: Jennifer Lawrence brilha em “Morra, Amor”
Jennifer Lawrence entrega uma das performances mais arrebatadoras de sua carreira em “Morra, Amor”, dirigido por Lynne Ramsay. A atriz, indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz, mergulha na pele de Grace, uma mulher devastada pela depressão pós-parto e crises psicóticas. Sua interpretação visceral transforma angústias íntimas em um retrato universal do colapso mental feminino. Eu já tenho minha aposta.
Primeiramente, Jennifer Lawrence domina cada quadro com intensidade quase física. Seus olhares vazios, gestos truncados e explosões de raiva constroem uma personagem fragmentada. Ademais, a atriz evita clichês ao mostrar a deterioração gradual de Grace, desde a desesperança silenciosa até atos perturbadores. Paradoxalmente, é na falta de dramaticidade que reside seu maior talento: microexpressões revelam vulcões de dor não verbalizada.
Tecnicamente, a transformação de Jennifer Lawrence impressiona. Ela perde peso corporal, modula a voz entre sussurros e gritos estridentes, e usa o corpo como paisagem da doença. Consequentemente, cenas como o confronto com a sogra ou os delírios noturnos tornam-se aulas de interpretação. Curiosamente, Robert Pattinson (como Jackson) serve principalmente de contraponto à sua descentração, embora seu personagem ganhe nuances no terceiro ato.
Jennifer Lawrence na temporada
Por fim, o filme concorre ao Globo de Ouro em duas categorias: Melhor Atriz (Lawrence) e Melhor Trilha Sonora. A indicação consolida o renascimento artístico da atriz, distante dos blockbusters que a popularizaram. O filme num todo não entrega a magia que a atriz levou pra tela, mas vale assistir para refletir. Para entreter, achei o filme pesado e irritante. O cachorro acoando também me tirou do sério. Lembrando que o filme está disponível nos cinemas e em breve chegará no streaming na plataforma MUBI.
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